Gen V: A Inesperada Jornada Adolescente de The Boys

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A ideia de uma versão adolescente de The Boys pode inicialmente parecer curiosa, dado o tom sombrio e pesado da série original. Entretanto, Gen V, a derivada que compartilha o mesmo universo, mas se passa em uma universidade de super-heróis, conseguiu transformar essa premissa aparentemente ousada em um sucesso surpreendente. A série captura com maestria o drama e o espírito juvenil, mantendo uma identidade própria que cativa tanto para o bem quanto para o mal.

O ponto de partida de Gen V é o contraste entre a brutalidade de The Boys e a inocência e esperança caracteristicamente jovens. Nesse cenário, a protagonista Marie (interpretada por Jaz Sinclair) é um encaixe perfeito. Ela é uma garota marginalizada por ter acidentalmente usado seus poderes para matar seus pais na infância. Ao entrar na Universidade Godolkin, Marie é imersa em um universo onde os heróis ainda mantêm um brilho de promessa, apesar dos escândalos envolvendo o Composto V e as atrocidades recentes do Capitão Pátria.

A narrativa, vista através dos olhos de Marie enquanto ela navega sua jornada acadêmica, nos coloca como espectadores em uma viagem imprevisível. Sua investigação sobre a morte de um professor, que foi assassinado por Golden Boy, o prodígio da faculdade que posteriormente comete suicídio, leva a uma encruzilhada. Essa encruzilhada pode resultar em uma aceitação resignada da realidade em que vive ou em uma revolta contra o domínio dos poderosos. A série explora a complexidade de tomar decisões, especialmente quando essas decisões estão nas mãos de jovens que ainda estão em processo de formação.

Gen V acerta em construir figuras de autoridade ambíguas, que são normalmente os antagonistas em uma série adolescente. A reitora Shetty (interpretada por Shelley Conn) não inspira confiança, mas sua relação com Marie e Cate (Maddie Phillips) é ricamente desenvolvida, destacando os conflitos e as dúvidas daqueles que estão buscando seu lugar no mundo. Os espectadores também são levados a questionar essas figuras de autoridade, pois Gen V manipula habilmente o cenário da trama. O Dr. Cardosa (interpretado por Marco Pigossi), apesar de liderar experimentos sinistros no laboratório da escola, não se revela tão maléfico quanto parece.

Enquanto Marie representa os dilemas da adolescência, os personagens secundários passam por seus próprios processos de crescimento, enfrentando questões fundamentais relacionadas a identidade de gênero, distúrbios alimentares, abusos e traumas de infância. Embora essas questões possam parecer previsíveis no início de Gen V, é na trajetória em direção ao final que a série demonstra sua sofisticação, permitindo que os personagens evoluam de maneira orgânica. As escolhas finais de Cate e Sam (Asa Germann) merecem destaque especial.

O que mais se destaca em Gen V é o tratamento sensível das dores da adolescência e a ênfase na afetuosidade. A série reserva tempo para abordar momentos delicados, como a primeira experiência sexual de Sam, explorando esses temas com sensibilidade, sem medo de parecer piegas. A atração romântica entre Jordan (London Thor/Derek Luh) e Marie é tratada com doçura, assim como as questões de Andre (Chance Perdomo) com seu pai.

Embora a série lide com temas delicados, não evita abordar a mentalidade jovem de escapar de responsabilidades, destacando que os traumas de infância não são culpa de ninguém. A inteligência de Gen V reside em não negar essa realidade, mas sim examinar as implicações dessa mentalidade.

Embora Gen V tenha uma estrutura e desenvolvimento excelentes, não escapa de ser essencialmente uma versão adolescente de The Boys. Apesar de trazer novos elementos, a série mantém a essência da original. O final de Gen V cria uma conexão com a quarta temporada de The Boys, elevando uma série de drama adolescente ao nível de grandiosidade da produção original. Embora seja divertido ver os universos se entrelaçando, a inclusão de personagens de The Boys pode representar um risco, já que Gen V estabeleceu uma voz única até o momento. O grande diferencial da série foi construir seu próprio discurso, mantendo as questões não tão distantes das abordadas em The Boys, mas apresentadas através de personagens em um estágio mais inicial de maturidade, e o resultado foi excepcional.

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